Futebol feminino dos EUA cresce e atrai investidores
Los Angeles 28/10/2021 – O nível de oportunidade para coaches e outros profissionais nos times femininos é tão bom ou melhor do que em times masculinos do Brasil
Com a conquista de salários equiparados entre homens e mulheres, o futebol feminino é a bola da vez nos Estados Unidos.
Os EUA são considerados um dos principais países do mundo para o futebol feminino, com o maior número de vitórias em Copas do Mundo e Olímpiadas. O time é também o primeiro em audiência na cobertura de seus jogos. Em 2019, na França, a seleção norte-americana bateu recorde mundial, com um total de 993 milhões de audiência nos jogos televisionados, e mais de 482 milhões por meio de plataformas digitais. No ano passado, a Liga Nacional de Futebol Feminino foi a primeira equipe profissional no país a voltar oficialmente ao campo depois do lockdown. Ao final da temporada, a ESPN reportou um aumento de 500% na audiência do campeonato, comparado ao ano anterior. Diante de resultados históricos, a Federação Norte-Americana de Futebol acaba de oferecer um contrato de valores idênticos às equipes femininas e masculinas, visando acabar com a desigualdade salarial no esporte. “A US Soccer acredita que o melhor caminho a seguir é uma estrutura única de pagamento para as duas seleções nacionais”, disse a instituição em comunicado.
“Enchemos estádios, batemos recordes de audiência, esgotamos a venda de camisetas e ainda somos subjugadas”, disse Megan Rapinoe, a capitã da seleção nacional em discurso na Casa Branca, em março. O protesto ganhou apoio global, mas não garantiu a permanência do time no topo do pódio olímpico: a equipe ficou em terceiro lugar no torneio de Tóquio, em julho. “O resultado do jogo é secundário quando se tem uma audiência verdadeiramente interessada no esporte”, diz Jane McManus, diretora do Centro de Comunicação Esportiva da Marist College. “O que vemos agora é um público massivo que acompanha o futebol feminino”, afirma.
Com mais incentivo financeiro para tornar-se profissional, o esporte ganha ainda mais popularidade entre as amadoras. O país, conhecido pelo gigantesco celeiro de meninas que crescem jogando futebol nas escolas, tem visto um aumento de atletas também nas universidades, de onde sai a elite do esporte nacional. “Aqui, é obrigatório que as universidades apliquem o mesmo nível de investimento nos esportes feminino e masculino”, explica o brasileiro Bruno Meyer Simões que já representou a seleção brasileira de minifootball (6v6) em 2016 contra os Estados Unidos. De jogador profissional, com passagem pelo Ontario Fury, da Califórnia, Bruno migrou para a carreira de treinador de futebol feminino em 2018.
“Agora, nos Estados Unidos, o nível de oportunidade para coaches e outros profissionais nos times femininos é tão bom ou melhor do que em times masculinos do Brasil”, afirma o treinador, que levou o Cal FC a ser campeão da USASA Region IV e segundo lugar na USASA National Amateur Cup, o lugar mais alto para um time de futebol amador nos Estados Unidos. Este ano, como assistente no Tudela FC, em Los Angeles, Bruno ajudou o Time 2005 a conquistar o campeonato nacional. Duas das alunas que Bruno ajudou a desenvolver conquistaram bolsas para o Notre Dame e UCSB, potências do futebol feminino universitário. Segundo dados da federação de escolas, o país possui mais de 1.500 colégios com times femininos.
No ano passado, o nível de investimento dedicado ao esporte foi medido pela empresa de pesquisa Deloitte. Segundo o relatório, a receita de TV e publicidade para esportes femininos deve atingir 1 bilhão de dólares nos próximos dois anos. A própria Deloitte decidiu investir no setor e é a mais nova patrocinadora da Liga Feminina de Futebol dos Estados Unidos.
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