Empreendedores debatem sobre o dilema de startups formadas por co-CEOs e a visão de investidores
São Paulo, SP 13/8/2021 – Precisa haver um fluxo transparente de como um eventual conflito deve ser resolvido, definindo quem dá a palavra final e sobre quais assuntos
Em recente episódio do podcast Fundação, participantes reconhecem que este modelo de gestão ainda é receio para startups que negociam suas operações com investidores
No cenário do empreendedorismo, uma startup pode ser formada por co-CEOs, ou seja, dois CEOs que irão dividir o mesmo cargo. Entretanto, nas negociações das operações que envolvem conversas com investidores, os chamados pitchs, este modelo ainda é um dilema entre eles e os empreendedores. No recente episódio lançado pelo podcast Fundação – que retrata de forma humanizada e realista a trajetória de empreendedores no Brasil e é apresentado pelos empreendedores Fernando Taliberti e João Paulo Alqueres – o tema foi destaque entre os participantes, que contou com a presença do convidado Eduardo Casarini, fundador da Flores Online, adquirida por uma empresa norte-americana.
Durante o papo, Fernando relembra sobre os casos recentes da VTEX e da Loft, duas empresas de tecnologia que foram reconhecidas como unicórnio e possuem o modelo co-CEOs em sua gestão. “Ver duas empresas icônicas em uma lista tão seleta é um fator que chama a atenção. Ainda que não seja uma movimentação comum, este é um marco relevante que pode ser usado como argumento para defender o modelo co-CEOs por outros empreendedores frente a um investidor”, comenta.
Eduardo, que também é empreendedor, enxerga esse modelo de gestão com receio, pois, dependendo de como for definido, pode complicar nas tomadas de decisão. “Precisa haver um fluxo transparente de como um eventual conflito deve ser resolvido, definindo quem dá a palavra final e sobre quais assuntos. Essa é a questão central e, dessa forma, acredito que o modelo pode funcionar se o processo decisório estiver bem definido”. Ainda de acordo com Eduardo, a cobrança dos investidores é bem fundamentada, pois a dificuldade de uma empresa em reagir a uma situação por falta de uma governança bem definida pode trazer grandes riscos que devem ser evitados. “Quanto mais cedo isso estiver resolvido, melhor”.
De forma mais categórica, para Brian Requarth, fundador do site de imóveis Viva Real – que hoje faz parte do Grupo OLX -, e também da Latitud, uma rede de empreendedorismo e mentoria voltada para startups, este modelo co-CEOs raramente funciona e analisa o caso das empresas Loft e Brex, que possuem esse modelo de gestão. “Os co-CEOs dessas empresas se dividem de forma clara, um cuidando dos assuntos internos e o outro dos externos, como a relação com investidores e captação de recursos. Essa divisão clara do escopo de cada um é essencial para o modelo funcionar. Porém, isso não é fácil, então prefiro não recomendar”.
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