COLUNA INOVANDO: INOVAÇÃO E PROPRIEDADE INTELECTUAL, UMA PARCERIA PERFEITA!
Nos últimos tempos, a palavra “inovação” ganhou notoriedade e faz parte do marketing das empresas mais “modernas”. Mas, o que realmente significa inovação? O pai dos estudos da inovação foi Joseph Schumpeter, um estudioso do direito, que como esta colunista, acabou se apaixonando pelas teorias econômicas, tornando-se um renomado teórico. Schumpeter compreendeu que os empreendedores acabariam fazendo uso da inovação tecnológica, concebendo novos produtos e processos, para obter vantagem competitiva nos mercados[i]. Existem outros tipos de inovação, mas vamos deixar esse assunto para um segundo artigo. O importante é compreender que a inovação se tornou essencial para a economia moderna. No mercado globalizado e cada vez mais exigente, as empresas tem que buscar a inovação de forma contínua, para manter seu posicionamento. Resumindo, o centro do capitalismo moderno é a inovação, que está na destruição e reconstrução de mercados[ii]. Um exemplo é o caso do “ipod”, que foi uma inovação a sua época, gerou muito lucro, mas acabou sendo quase destruído. O mercado de celulares inovou, tornando os celulares em “ipod’s”, com múltiplas funções, além de servir para ouvir música.
As empresas inovam com poder criativo e acúmulo de vários tipos de conhecimento, que toda inovação tem agregada em si. Assim, inovar depende da proteção de parte desse conhecimento, para que os investimentos realizados pelos empresários não sejam perdidos no processo. Mas como eu posso proteger conhecimento?! Luz na passarela, que lá vem ela… não é a “nova loira do tchan”, mas a grande parceira da inovação, a propriedade intelectual! Elas sempre estão juntas, arrasando pelas passarelas de todos os mercados.
A propriedade intelectual, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, protege tudo que o que é fruto do intelecto humano, da sua capacidade criativa. Os direitos autorais são direitos de propriedade intelectual, e, os direitos de propriedade industrial como: marcas, patentes, desenhos industriais, etc. A propriedade intelectual na verdade é o alicerce da inovação, porque neste contexto, os investimentos só acontecem quando tais direitos estão protegidos. Ora, uma grande empresa de medicamentos não vai fechar contrato para fabricar um fitoterápico, caso ele não esteja patenteado, afinal quer manter a concorrência afastada das inovações que lança no mercado. Quem pode abrir uma franquia sem ter uma marca forte registrada? Já assistiram o filme que conta a história da marca MacDonalds? O nome do filme é “Fome de Poder”! O nome MacDonalds era o sobrenome dos irmãos que criaram o método de produção inovador a época, e que já levava seu patronímico. Entretanto, quem teve a visão do negócio foi o sócio dos irmãos, que também conseguiu registrar a marca MacDonalds, porque entendeu que aquela marca era a chave de tudo.
A verdade é que sem proteção da propriedade intelectual não existem alicerces para a inovação. Mas, muitos empresários encaram a parte da gestão do conhecimento e da propriedade intelectual como a parte chata do negócio. Não querem contratar profissionais especializados porque não querem “gastar”, ou encaram a proteção da propriedade intelectual como simples registro, como algo seco, sem muita importância, mas sabemos que não é assim que anda a carruagem. Vamos para um exemplo prático: uma marca registrada. A empresa ou empreendedor que já possui uma marca registrada, possui um bem, sim, um bem intangível, que pode ser vendido, alugado(licenciado), penhorado e que também pode ser avaliado para apresentação como garantia em obtenção a empréstimos no banco. Claro isso depende do valor atual dessa marca no mercado.
Inovar sem proteger o todo ou parte do conhecimento é impossível. A propriedade intelectual é o alicerce dos grandes projetos inovadores. Por isso, quem inova sempre deve andar em parceria com quem entende de propriedade intelectual. Essa é uma parceria muito vantajosa e lucrativa para empreendedores que querem ser conhecidos como inovadores. A forma de inovar e proteger muda de acordo com a região e contexto tecnológico de cada mercado. Inovar na Amazônia é muito diferente de inovar no Vale do Silício. Inovação é interação, visão, networking, relações pautadas em confiança, e trocas de vários tipos de conhecimento constantes. Inovar é estar em constante movimento, mas com sua retaguarda protegida pelos direitos de propriedade intelectual.
[i] TIDD, Joe; BESSANT, John; PAVITT, Keith. Gestão da Inovação. Tradução Elizamar Becker. 3ª ed., Porto Alegre: Bookman, 2008.
[ii] GONÇALVES, Reinaldo. Empresa Transnacional. In: KUPFER, David; HASENCLEVER, Lia. Economia Industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil.12a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002.