“Educação é o antídoto para as fake news dos movimentos anti-vacinas”, diz doutor em Biotecnologia
Com a proximidade da vacinação contra a Covid-19, as reações das correntes negacionistas proliferam nas redes sociais
A partir desta semana, diversas cidades no Brasil passam a receber as doses das vacinas contra a Covid-19, além dos insumos necessários para a imunização, como agulhas e seringas.
No último domingo, dia 17, o país inteiro acompanhou a primeira brasileira a ser vacinada. Mônica Calazans, 54 anos, enfermeira da UTI de um hospital em São Paulo, foi a primeira pessoa no Brasil receber a dose da CoronaVac, vacina do Instituto Butatan, produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Além da CoronaVac, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também aprovou o uso emergencial da vacina da AstraZeneca, imunizante desenvolvido pela Fiocruz com a Universidade de Oxford, da Inglaterra.
Em razão da proximidade da vacinação para os brasileiros, as fake news disseminadas pelos movimentos negacionistas ganharam ainda mais repercussão nas redes sociais e portais de caráter duvidoso.
Para Benisio Ferreira, doutor em Biotecnologia e coordenador do curso de Biomedicina do Centro Universitário Internacional Uninter, a popularização dos grupos anti-vacinas e a falta de confiança na ciência se dão pela deficiência da educação básica e a ausência de confirmação/monitoramento das informações que circulam na internet.
“Qualquer pessoa que tenha uma boa oratória e uma história interessante para contar é capaz de disseminar mentiras, uma vez que a população nem sempre tem instruções para perceber a grande quantidade de erros e absurdos de certas publicações. Basta estudar um pouquinho de História, Ciências e Biologia para perceber o quão absurdo é negar a vacina”, comenta.
Algumas dúvidas quanto aos imunizadores da Covid-19 recaem sobre o curto tempo que o antídoto foi desenvolvido e a sua porcentagem de imunização. O professor rebate as críticas, garantindo a eficiência e funcionalidade das vacinas.
Segundo Benisio, até hoje, nunca foi criada uma vacina que apresente 100% de imunização. “As vacinas são desenvolvidas para estimular o sistema imune a produzir anticorpos contra o patógeno em questão. Nas fases iniciais da fabricação, são calculados os valores e as concentrações que serão utilizadas para evitar reações inadequadas, como febre, náuseas e dor de cabeça. Há pessoas que vão responder mais e outras que podem responder menos, isto é normal”, explica.
“Por ser a primeira vez que vacinas são fabricadas em menos de 1 ano não significa que elas não funcionam ou que são ruins, afinal temos tecnologia para desenvolvê-las de forma rápida e com segurança”, garante. “A vacinação nunca causou problemas de saúde, pelo contrário, preveniu que a população contraísse doenças no decorrer da vida”, complementa.
“Dentro do curto espaço de tempo e pela urgência da situação, as vacinas que foram aprovadas pela Anvisa são, no mínimo, muito boas e representam o início do fim desta pandemia”, finaliza o professor.