Mesmo com reajuste, Macapá tem a tarifa de ônibus mais defasada de todas as capitais brasileiras
A decisão tomada nesta segunda-feira, 12, pela 3ª Vara Cível e de Fazenda Pública de Macapá em reajustar a tarifa de R$ 3,25 para R$ 3,50 foi considerada bem abaixo das expectativas tanto pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amapá (Setap) quanto pela Companhia de Trânsito e Transporte de Macapá (CTMac). O Setap pedia o reajuste para R$ 3,90 e a planilha apresentada pelo município apontava uma grande defasagem e considerava uma tarifa de quase R$ 3,70.
O Setap afirma que o reajuste não compensa as perdas dos últimos dois anos. E aponta os investimentos realizados ao longo dos últimos seis anos, que foram ignorados pela Prefeitura de Macapá durante a discussão na justiça. Desde 2013, 170 novos ônibus passaram a fazer parte da frota de Macapá. A renovação representa 90% da frota atual, que atualmente é de 189 veículos. Os dados fazem parte de um estudo apresentado à Prefeitura de Macapá, que destaca os avanços no setor de transporte de passageiros.
O sindicato lamenta que o transporte público não venha sendo tratado como prioridade pelas gestões municipais e aponta a falta de manutenção nos corredores de ônibus, a demora em até quatro anos para concessão de reajustes e a falta de diálogo do poder público.
A idade média da frota atual é uma das menores do Brasil e bem abaixo da média nacional. 4,74 anos. O sistema já chegou a transportar uma média de 120 mil passageiros por dia, mas a chegada do transporte por aplicativo e o crescimento do transporte pirata, baixou essa média em 40%.
Houve ampliação no número de linhas, que era pouco mais de 20 e hoje chega a 36 e no número de viagens ao dia, que é de 1.378, considerando os dias úteis. Em termos de investimento, a partir de parcerias público-privadas, foram construídos pelas empresas de ônibus 50 novos abrigos desde 2013, e reformados cinco terminais: Brasil Novo, Marabaixo, Açucena, Congós e Zerão.
Mesmo com tantos investimentos, Macapá tem a tarifa de ônibus mais defasada dentre todas as capitais brasileiras. De acordo com Setap existe uma defasagem agravada pela ausência de uma política pública em nível local e nacional que privilegie o transporte público em relação ao transporte particular.
Um estudo realizado pela própria Prefeitura de Macapá e juntado aos autos no processo que garantiu o reajuste tarifário, aponta uma grande defasagem no valor atual da passagem de ônibus. O Setap defende a adoção de um calendário tarifário, que evitaria longos períodos sem reposição das perdas.
O valor da nova tarifa começa a valer a partir desta quarta-feira, 14.
Ascom/Setap