Mudança de hábito: cinco dicas para não desistir no meio do caminho
Assim como a criança tem preguiça de escovar os dentes, o adulto tem de se exercitar – até o momento em que essas atividades são incorporadas no dia a dia e se tornam hábitos prazerosos e imprescindíveis
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde grande parte da população possui consciência da importância da prática de atividade física, mas como explicar um número tão baixo de adeptos? A resposta é bem simples: a falta de hábito. E vamos combinar que mudar velhos hábitos, não importa qual seja o objetivo, não é algo tão simples assim. Repetimos nossos hábitos por anos e muitas vezes sequer notamos o que estamos fazendo. Mudar um comportamento é algo bem complexo para o ser humano e para alguns pode ser algo doloroso.
Incluir uma nova atividade de maneira sistemática na rotina não é nada fácil. Para entender como funciona a dinâmica, basta prestar atenção nas crianças. Elas enrolam até o último minuto para escovar os dentes ou tomar banho, tarefas que nessa época da vida ainda exigem esforço e se assemelham a um verdadeiro sacrifício, mas que na vida adulta são automaticamente incorporadas.
O mesmo acontece com a atividade física. Se você é daquelas pessoas que espera acordar com a maior disposição para levar uma vida ativa, infelizmente, não tenho boas notícias: esse dia nunca vai chegar. A natureza do homem é sedentária – a evolução humana mostra que no passado a preocupação era conservar energia e não gastá-la.
“Nessa jornada é importante entender que as mudanças acontecem aos poucos, passo a passo e que ter um estilo de vida saudável é uma tarefa desafiadora. Por isso suar a camisa com novos hábitos é tão difícil. E se o começo for estressante a desistência pode ser rápida, mas se essa fase for ultrapassada, chegamos a um ponto em que a atividade física se torna prazerosa e até indispensável, assim como os hábitos de higiene”, comenta Eduardo Netto, diretor técnico da Bodytech Company. O profissional de Educação Física preparou cinco dicas para não desistir no meio do caminho:
1) Motivação pessoal: o primeiro passo é encontrar uma razão para se exercitar. Iniciar uma atividade física ou um novo desafio exige um profundo trabalho de convencimento psicológico, no qual as vantagens da mudança de hábitos devem ser absorvidas de tal maneira que a pessoa sinta “necessidade” de uma nova vida. Nesta jornada é essencial conhecer a fundo a razão pela qual você quer ficar mais ativo, por isso pode ajudar na mudança de comportamento em longo prazo.
É apenas para emagrecer, controlar o peso ou para se sentir melhor e ter energia? Trata-se de uma recomendação médica por problemas específicos de saúde (hipertensão, colesterol elevado, diabetes, depressão)? Todos esses fatores podem ajudar, mas talvez não sejam suficientes para manter o pique. Por isso ter uma motivação interna é fundamental. Talvez uma aula de ioga, seja a melhor opção para ter mais energia ou para ficar menos estressado, ou quem sabe uma caminhada ou corrida diária para aliviar a tensão de um longo dia de trabalho. Outra estratégia é se presentear (quem não gostar de ser mimado), por exemplo: comprar um acessório fitness ou em uma legging, ter uma tarde de sono relaxante com música, velas e óleos essenciais, ler um livro em um ambiente agradável ou comer a sua guloseima preferida. “Acredito que esses tipos de recompensas são extremamente importantes para se manter motivado. Faça algo que te dá prazer”, pontua Netto.
2) Tenha objetivos realistas: uma imprudência comum no mundo fitness é a pouca atenção dada à avaliação física. Todos devem passar por uma consulta médica e funcional antes de começar as atividades para saber se existe alguma restrição a determinado exercício. Além disso, na academia é feita uma coleta de dados a respeito do aluno, na qual são identificados os objetivos, as preferências quanto aos equipamentos, os grupos musculares, as limitações ortopédicas e o histórico de cirurgias. Por meio dos testes, é possível identificar os pontos fortes e fracos do futuro praticante e, a partir daí, prescrever um treino. Só então são estabelecidos os objetivos de curto e longo prazo.
Se o desejo principal é emagrecer, lembre-se de quanto tempo demorou para ganhar os quilos extras. Com certeza não foi em uma semana nem em um mês. Por isso, a perda de peso deve ser encarada de forma gradual e consistente. As metas devem ser estabelecidas no processo em si, não apenas no resultado.
Em vez de pensar em perder cinco quilos, fixe o objetivo em caminhar 40 minutos cinco vezes na semana, percorrendo um total de 30 quilômetros por semana. Ao adotar tal modelo, evita-se um eventual fracasso. Por fim, estabeleça recompensas, o que vai ajudar você a prosseguir e correr contra si mesmo. Não esqueça de registrar os resultados diários. Anote tudo o que for relevante, crie uma planilha com as informações de metas e tarefas realizadas.
3) Escolha uma modalidade que goste: ou ao menos pense que goste. Assim será mais fácil dar continuidade ao exercício. As opções hoje são diversas. Pratique um esporte, experimente algo ao ar livre, em equipe, com equipamentos. Ao pensar dessa forma, você estará cercado de oportunidades de tornar-se fisicamente ativo. O ideal é encontrar alguma atividade que lhe proporcione certa dose de euforia. Outra maneira de manter a motivação é variar sempre os exercícios.
4) Reorganize a agenda: antes de começar um programa de exercícios, refaça sua agenda. Não é necessário renunciar a muitas horas. Uma pessoa sedentária terá mais facilidade em se adaptar ao novo hábito com sessões mais curtas e de menor intensidade. Portanto, a falta de tempo não é mais desculpa. Marque o horário do treino como se fosse um compromisso de trabalho. Crie o hábito: nas primeiras semanas, se obrigue a cumprir um programa pré-estabelecido.
Repita, repita e repita o novo comportamento, a mesma rotina no mesmo horário do dia e tente evitar ao máximo mudanças constantes. Depois do hábito estabelecido, você pode ter um pouco mais de flexibilidade na sua agenda, mas nos três primeiros meses seja rígido, caso contrário o risco de abandonar a nova rotina é maior. Durma mais cedo, aproveite mais sua noite de sono, se alimente melhor: tudo isso vai ajudar a se adaptar à nova rotina de exercícios físicos. Falta de tempo não é motivo para sedentarismo.
5) Não se exija demais: agora que você já estabeleceu objetivos para melhorar seu condicionamento físico, é bom ficar preparado para enfrentar algumas dificuldades. Se em um determinado dia você não conseguir realizar sua programação, não encare isso como um fracasso, e sim, como desafio. Reconheça que alguns fatores fogem de seu desejo e controle (isso faz parte do processo). Outro ponto importante para evitar que você se afaste do treino pode ser a motivação de outra pessoa. Além do benefício da interação social, ter uma companhia torna os exercícios bem menos tediosos, especialmente no início.