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Onça Miau: a saga pela sobrevivência de animais continua na Revecom com o apoio do MP-AP

 

Onça Miau

Em 2002, o Batalhão Ambiental do Amapá (BA) tirou das mãos de caçadores um filhote de onça pintada, que foi levada para a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Revecom, sob os cuidados do administrador do local, Paulo Amorim, e passou a se chamar Miau. Transformada em símbolo da luta por preservação de animais em seu ambiente natural, a onça Miau ganhou a batalha contra os caçadores, mas perdeu para um câncer linfático, que tirou sua vida no último final de semana. A importância da Miau para o meio ambiente foi marcante, a ponto de se tornar personagem de um livro ilustrado, em 2010, viabilizado pela Promotoria de Defesa do Meio Ambiente (Prodemac), através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

 

 

A onça Miau viveu 17 anos na Revecom, localizada no município de Santana, e era uma atração determinante para que crianças, adolescentes e educadores se encantassem com a principal finalidade da reserva, que é a educação ambiental. Dócil e brincalhona, ela chamava atenção pela sua história, beleza, e porte elegante de maior felino da América Latina, e que podia ser vista de perto e servir de exemplo para os visitantes. A reserva é visitada principalmente por alunos de escolas públicas, que durante um passeio pela área verde e com mais de 200 animais, em logradouros e soltos, aprendem sobre respeito ao meio ambiente, preservação da fauna e flora, e se tornam instrumentos de conscientização quando acaba o passeio.

 

A iniciativa do Ministério Público do Amapá (MP-AP) através da Prodemac, chamou para a responsabilidade com o meio ambiente um empresa que causou danos ambientais e a multa foi revertida no projeto de educação ambiental da Revecom, que teve a revista financiada pela empresa. A história da onça Miau foi contada por Vanessa Araújo e roteirizada por Paulo Amorim, com ilustração e editoração de Luiz Porto, em 2010. No livro, os leitores acompanham a saga de muitas onças pintadas, que são caçadas e mortas pelo valor no mercado negro de sua pele, e de muitos filhotes que são traficados e separados das mães.

 

Paulo amorim conta que a proposta de Revecom era de promover educação ambiental com ajuda da leitura em quadrinhos, e a onça Miau seria a primeira história contada, com foco para a necessidades de sobrevivência das espécies e do sofrimento do animal. “Nossa ideia era em seguida falar sobre os passarinheiros e quem usam baladeiras, contando a agonia dos pássaros; e  dos efeitos da destruição de áreas de ressacas, que tiram do ambiente natural animais como lontras, a exemplo da Chupeta, que perdeu os pais, foi resgatada e hoje está na Revecom; e do murucututu, que chegou na reserva com os dedos cortados por linha com cerol, o que o deixou preso para sempre, pois está impossibilitado de caçar”, conta Paulo Amorim.

 

 

O médico pediatra e ambientalista Paulo Amorim, transformou sua área particular de 17 hectares em reserva, em 1998, investindo recursos próprios no ambiente que hoje é um paraíso para animais em perigo. O local, que já serviu de refugio e hospedagem para animais resgatados pelo BA/AP, e recebe dezenas de visitantes por mês, passa por crises financeiras constantes, atualmente não abriga mais animais do Batalhão, e há 8 anos está sem investimentos do Governo do Estado e empresários. “Mesmo com as crises, fazem investimentos em outras áreas, mas o meio ambiente não é prioridade para eles. Gostaria muito que se sensibilizassem com a causa, que não é somente dos animais, e sim da humanidade.

 

 

As mais de duas centenas de animais recebem carinho e cuidados de seis funcionários, que Paulo Amorim paga com dificuldades, assim como é difícil a aquisição de alimentos para os animais. O único recurso certo foi garantido através do MP-AP, que conseguiu que a Prefeitura de Santana assinasse um Termo de Fomento para dar assistência financeira. “O problema é que o prazo de Termo encerra daqui a dois meses, e esperamos que o prefeito Ofirney Sadala seja sensível e o renove, ou teremos que recorrer novamente ao MP-AP, que é a única instituição pública que está sempre de portas abertas”.

 

 

 

Mariléia Maciel

 

Assessora CAOP/AMB

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