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Paixão por música une músicos de gerações variadas que dedicam ao chorinho e samba de raiz

 

Artistas amapaenses com longa trajetória musical juntaram os talentos e instrumentos e formaram um grupo para tocar os mais puros estilos musicais do Brasil, chorinho e samba de raiz, e toda sexta-feira, estão na orla de Macapá apresentando um autêntico repertório nacional. Lolito do Bandolim, Humberto Moreira, Beto Sete Cordas e Lindomar Trindade, Gabriel Pinheiro e Alcimam Lemos formam o grupo Vou Vivendo, e há cinco anos se dedicam ao prazer de tocar para o público que os acompanha,  e comemoram a presença da nova geração nas apresentações. Os artistas tocam no Bar e Restaurante Norte das Águas, no Complexo Marlindo Serrano, e a entrada é franca.

 

Lolito do Bandolim: 60 anos dedicado à música

 

Laurindo Trindade, o Lolito do Bandolim, é o que está há mais tempo na música. Motorista aposentado, ele tem 83 anos e é o único músico profissional no Amapá a usar o instrumento de agregou ao seu nome. Aos doze anos começou a treinar sozinho nas cordas, e aprendeu cavaquinho e bandolim, nos anos 50, já em Macapá, onde passou por várias formações musicais. Há 58 anos ele divide a vida com a esposa Maria Trindade, com que formou  a família de seis filhos, 11 netos e 7 bisnetos.

 

Lolito e uma lenda viva da música amapaense, atravessou o tempo convivendo com outros instrumentistas de sua época, como Noé, Amilar Brenha e Nonato Leal, com quem ainda divide palcos. O sentido apurado para descobrir novos talentos o coloca de frente com novas gerações, e os incentiva a investir na carreira. Tem seis músicas autorais e ensaia todos os dias. Dois de seus filhos, Leonardo e Lindomar seguiram o pai, e também são músicos. Lindomar acompanha Lolito há 35 anos na percussão, apesar de tocar violão e bandolim. Paralelo ao chorinho e samba, Lindomar, major da PM, acompanhou músicos como Vanildon Leal, nas noites amapaenses.

 

Foi Lolito também quem influenciou Beto Sete Cordas, que conheceu em bailes e shows, e no ano 2000, aceitou o convite para que iniciassem uma parceria. Beto encantou Lolito com seu talento nato, descoberto ainda no município de Cutias do Araguari, onde aprendeu a tocar guitarra com o irmão, aos 11 anos, seu parceiro musical na igreja. Em 1987 veio para Macapá, porém por questões pessoais voltou para o Araguari, e cinco anos após, no retorno para a capital, se empolgou com o cavaquinho, e junto com Sebastião Mont’Alverne, outro ícone da música instrumental, fez muitas rodas musicais. A paixão por instrumentos de corda levaram Beto a tocar em escolas de samba, bandas e a montar um grupo que toca exclusivamente guitarradas.

 

Humberto Moreira também tem a música como uma das primeiras diversões. Aos 11 anos fez sua primeira participação como cantor, e em 1966, escoteiro, atendeu ao incentivo do Chefe Humberto e criou com outros integrantes a banda Os Joviais, que tocava na sede dos Escoteiros. Depois seguiu para Os Cometas, Milionários, Setentrionais, Brind’s, e percorreu sedes e tertúlias badaladas na época sempre cantando. Há cinco anos encontrou Beto Sete Cordas e passou a formar, junto com Lolito, a Vou Vivendo. “Tentei tocar bateria, mas nas bandas onde estive esta vaga já estava ocupada e desisti”.

 

O quinto integrante do Vou Vivendo é o militar Gabriel Pinheiro, que há oito anos acompanha o grupo com seu cavaquinho. Das aulas com o mestre Espiga, no final dos anos 90, Gabriel somou ao aprendizado a experiência de passar pela maioria dos grupos de samba e pagode e escolas de samba do Amapá, para então entrar para o grupo com aperfeiçoamento nas cordas. O mais novo músico da formação é o funcionário público Alcimam Lemos, que há cerca de um ano toca o atabaque que completa o único grupo de chorinho de samba de raiz do Amapá.

 

Jornalista, funcionários públicos, oficiais da Polícia Militar e motorista aposentado, unidos pela paixão pela música, é o tom do Vou Vivendo, e toda sexta-feira eles deixam de lado os uniformes e vida cotidiana e impressionam o público com seus talentos. Eles falam sobre o crescimento da plateia, antes formada por pessoas de sua faixa etária, e que hoje é complementada por jovens que gostam da música brasileira e que procuram o local para dançar. O show inicia às 22h, e não paga nada para entrar e curtir a música autêntica do Brasil.

 

 

 

Mariléia Maciel

 

Assessoria de Comunicação

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