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Religiosos falam sobre amor ao próximo e combate à intolerância religiosa

No dia que marca a luta de combate à intolerância religiosa, representantes religiosos falam sobre a meios de combater os preconceitos.

 

Nesta quinta-feira, 21 de janeiro, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data visa alertar a sociedade sobre os riscos que o preconceito e a discriminação religiosa podem acarretar, a data é um símbolo da luta por respeito ao praticar a fé e foi instituída no ano de 2007 pela Lei n°11.635, em homenagem à Mãe Gilda, Iyalorixá , que foi vítima de intolerância religiosa no fim de 1999.

 

A liberdade religiosa no Brasil é destacada na Constituição de 1988, onde é mencionado que, “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Mas não é o que se observa, na prática, no mês de outubro de 1999, Mãe Gilda teve seu templo invadido, depredado e o seu marido agredido por fundamentalistas religiosos. Não superando o trauma dos ataques, veio a falecer em janeiro do ano seguinte após um infarto.

 

Josilana Santos. Digina: Dandadeui Muzenza de Dandalunda, do Abassa Senzala Mazembe Ngana NZambi Matamba- Gomeia Neta.Filha de Mam’eto Ty Inkisi Sigakaia e Tat’etu Ty Inkisi Kassumagê Terreiro do Coração

De acordo com a Joselana Santos, praticante de religião de matriz africana, é inegável os avanços que as pautas passaram a tomar nos últimos anos, fruto de muita luta dos adeptos principalmente das religiões de matrizes africanas, mas o que se observa é que com o crescimento dessa diversidade religiosa no Brasil, também está ocorrendo um crescimento ainda maior da discriminação religiosa. “É impossível concebermos que ainda hoje, atabaques sejam silenciados, que templos de Matrizes Africanas sejam invadidos depredados, que sacerdotes e sacerdotisas tenham que fechar suas portas e fazerem praticamente seus rituais escondidos, pois, uma parte da população não consegue compreender que a liberdade perpassa e basta deixar o outro em paz para professar sua fé”, comenta.

Luiz Antônio, Presidente do Centro Espírita Lar Maria de Nazaré – LEMANA

 

De acordo com o espírita Luiz Antônio, presidente do Centro Espírita Lemana — Lar Espírita Maria de Nazaré, o preconceito religioso tem origem na posição de orgulho e vaidade das pessoas, por achar que sua religião seja a certa, “essas pessoas especificamente que causam esse transtorno na sociedade com esses preconceitos religiosos, não admitem que a religião do outro também é boa, na introdução do evangelho segundo o espiritismo, Kardec diz que iria fazer o estudo do evangelho segundo o espiritismo de acordo com ensinamentos morais de Jesus e não das particularidades da vida de Jesus, é o que cada pessoa, dentro da sua religião deveria se preocupar, com os ensinamentos morais que são: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Quando observamos uma pessoa com preconceito com relação à outra, ela não está preocupada com os ensinamentos de Jesus, ela está preocupada infelizmente com o poder material, geralmente são pessoas frustradas que não conseguiram destaque na sociedade e que usam a religião para impor sua vontade sobre os outros”, comenta.

 

Padre Paulo Roberto Matias

Segundo o Padre Paulo, a intolerância religiosa ainda se faz presente no catolicismo, desde os primórdios. Em 1963, quando o Papa João XXIII convoca o concílio ecumênico vaticano II, em um dos documentos denominado, Dignidade Humana, a igreja católica fala sobre liberdade religiosa, a partir daí a CNBB e a igreja católica em Roma escreveram diversos documentos sobre o tema, porém, no Brasil não é o que se observa, na prática. “Vivemos tempos difíceis, tempos de ódio, de muita intolerância, de muito preconceito, de muita guerra ideológica e todos nós, cristãos, católicos ou não, estamos inseridos dentro desse processo. Há uma guerra ideológica e teológica entre os brasileiros e nós estamos divididos e esfacelados entre todas as religiões e eu penso que se fala muito da intolerância dos evangélicos, dos pentecostais, porém, eu penso que dentro da igreja católica, há muita intolerância também, nós não aceitamos o diferente, nós não aceitamos a teologia, a filosofia, a visão das religiões de matrizes africanas, nós satanizamos essas religiões e é um problema que precisamos enfrentar hoje, alertar os nossos católicos, porque eu como sacerdote, vejo muitos padres, bispos e uma grande parcela dos católicos do Brasil que ainda alimentam muito preconceito, muita ignorância, porque o preconceito nasce da ignorância, as pessoas desconhecem a religião do outro, relativizam a religião do outro e absolutizam as delas e isso impede que haja um diálogo sereno e fraterno” conta.

 

Para o Pastor Julio Ramos, da igreja evangélica Batista Nova Jerusalém, quanto mais humana for a relação entre as pessoas, a possibilidade de viver essa relação de intolerância se torna muito menor. “A religião está para ajudar pessoas seja no âmbito emocional, espiritual e no âmbito social, as pessoas se identificam e buscam aquilo que elas têm como práticas, a religião traz esse contexto de interligar pessoas, de conectar umas às outras, não somente naquilo que tende a acreditar, o sobrenatural, o espiritual, mas interligar pessoas. A nossa igreja, Igreja Batista Nova Jerusalém Macapá, está no meio social justamente para isso, para pluralizar as discussões e relações, em 8 anos de existência nunca tivemos problema com o preconceito, recebemos pessoas de diversas crenças, não deixamos perpetuar a ideia da exclusividade religiosa, buscamos enaltecer o que cremos, que é o Senhor e Jesus é aquele gerava amor nas suas relações e na sua plataforma de amor, ele gerava mudança na conduta e no comportamento social, emocional e espiritual”.

 

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